Falar de tendências de consumo é sempre arriscado, principalmente quando falamos em algo tão sensível quanto o comportamento do consumidor. Inúmeros fatores podem contribuir para que elas realmente se concretizem e passem de tendência para realidade, porém a Euromonitor Internacional apresentou uma pesquisa que mostra os prováveis caminhos para 2017 com base no que eles têm observado nas tendências de consumo no mundo inteiro.
Isso permite insights valiosos para aprimorar produtos ou serviços, olhar para um público-alvo que ainda não é bem atendido e gerar soluções para os novos problemas que este consumidor encontra pelo caminho. As tendências de consumo devem ser observadas e não podem ser descartadas. Esse consumidor hiperconectado é influenciado por aquilo que vê, não somente no seu bairro ou trabalho mas no mundo inteiro.
Veja abaixo 10 tendências de consumo para 2017 que separamos para você:
1. A idade e a Mudança na narrativa
Em 2017, 1/4 da população do planeta estará acima de 50 anos. Um recorde.
Esses consumidores estão transformando a maneira de como se tornar mais velhos em relação ao estilo de vida e necessidades de consumo, criando assim a economia da longevidade. A lista de serviços e produtos é grande, vai desde alimentos saudáveis, medicamentos, produtos de beleza, viagens, academia, chefs, moda, instrutores de yoga especializada neste nicho de consumidores e que formam essa grande tendência de consumo.
Graças à longevidade, as pessoas estão trabalhando mais. No Brasil, isso se tornou uma necessidade por conta da condição econômica de muitas famílias.
Segundo o IBGE, O número de idosos com 80 anos ou mais pode passar de 19 milhões em 2060, um crescimento de mais de 27 vezes em relação a 1980
2. Consumidores em treinamento
As crianças têm desempenhado um papel de decisão na compra de muitas famílias. Os pais buscam saber a opinião dos filhos, o que abre espaço para essa interatividade e peso na decisão de compra em conjunto como onde comer, qual carro comprar e até o que vestir.
Um fator que gerou o crescimento desta influência foi o fato da criança ter mais contato com o mundo adulto. Na escola ou em casa, eles estão expostos à tópicos adultos como pobreza, comportamento, sexualidade e identidade. Uma das tendências de consumo exploradas por empresas de diferentes segmentos mas que precisa ser observada com cuidado. Orgãos como o Instituto Alana estão de olho em como as empresas buscam influenciar os pequenos aqui no Brasil.
82% dos latino-americanos dizem que as crianças de 3-11 anos têm grande influência na decisão de compra, para brinquedos e games.
Os pequenos são nativos digitais, pois já crescem neste ambiente multitelas de hoje. A rapidez com que interagem com o smartphone e tablet desenvolvendo soluções rápidas são o grande desafio para as empresas, pois precisam criar uma conexão fluída com este pré-consumidor.
3. Extraordinário
Os consumidores extraordinários são pequenos nichos, que exigem produtos ou serviços atípicos. Algumas características como peso, altura, segurança, habilidades físicas, gostos musicais e tolerância a tipos de comida são alguns dos nichos preenchidos por estes consumidores.
Na moda, esta tendência de consumo já é aproveitada com lojas especializadas em roupas plus-size para pessoas que desejam se vestir bem, mas não encontram o tamanho ideal em lojas tradicionais.
Até os produtos mais simples estão recebendo um upgrade nas suas funcionalidades para atender clientes com necessidades extraordinárias. O Healthwear, dispositivo que pode ser vestido e monitora a saúde das pessoas é um dos grandes desafios para 2017. Desenvolver roupas que ajudem pessoas com doenças como Mal de Parkinson é um exemplo desta aplicação, unindo tecnologia, moda e saúde.
4. Compra rápida
Os consumidores estão cada vez mais impacientes. “IWWIWWIWI – I want what I want when I whant it” (eu quero o que quero quando eu quiser isso) representa bem esse novo comportamento de consumo. Eles são impulsivos a ávidos por gratificações instantâneas.
As empresas estão respondendo isso com opções rápidas de compras através da comunicação entre beacons e smartphones com os serviços de entrega rápida (nos Estados Unidos empresas como a Amazon já entregam em 1 hora). Tendência de consumo rápido sem muitos entraves ou etapas para dificultar a experiência de compra de um produto ou serviço.
É o imediatismo que vai se instalando em nossas mentes e demandam novas soluções para tarefas do dia a dia
Serviços médicos de agendamento de consultas estão emergindo em todo o mundo. Aplicativos como Push Doctor oferecem consultas virtuais e permite a interação face a face com um profissional em menos de seis minutos.
A informação também segue esse ritmo. Reviews e matérias curtas, selecionadas para você podem ser entregues todas as manhãs, como um jornal personalizado. Grandes empresas como BBC e CNN estão trabalhando em matérias com vídeos curtos, com duração máxima de 1 minuto e lançados no Instagram para esse acompanhar esse perfil de consumidor que não tem tempo a perder.
A moda já descobriu a rapidez e facilidade das redes sociais através dos influenciadores digitais. Uma das tendências de consumo observadas é o efeito see-now shop-now (veja gora, compre agora) que permite os consumidores comprarem imediatamente os itens que aparecem no Instagram. Burberry e Tom Ford já estão testando essas funcionalidades.
Christopher Bailey, CEO da Burberry, diz que essa tendência irá criar uma nova conexão entre a experiência criada nas passarelas e o momento em que as pessoas podem fisicamente explorar as coleções para usá-las.
Assim que as peças aparecem no Instagram, as pessoas não querem esperar 6 meses até comprar, pois daqui a 6 meses elas estarão pensando em outras coisas.
5. Real: O fascínio pela autencidade
Autenticidade é um dos valores mais procurados pelos consumidores em 2017 e pode ser considerada como uma das grandes tendências de consumo para este ano. A cultura visual na era digital protagonizado pelo selfie ampliou as discussões sobre os efeitos da insegurança em relação à aparência, exacerbando e deformando o corpo.
Com milhões de imagens geradas pelos smartphones dos consumidores, as empresas tem buscado identificar e incorporar essa visão no marketing para tornar as marcas mais autênticas e próximas do seu público. A rede Loews Hotels and Resorts nos Estados Unidos aproveitou o conteúdo gerado pelos usuários e iniciou a campanha #TravelForReal que permite contar as viagens através do ponto de vista do turista.
A tecnologia mobile permitiu que amadores pudessem criar e distribuir conteúdo que muitas vezes tem mais visualizações e comentários do que materiais profissionais por conta da autencidade e identificação com o público-alvo como amigos, não como consumidores. As empresas precisam desenvolver uma comunicação autentica, próxima do consumidor real. As redes sociais não perdoam e qualquer falcatrua pode ser facilmente descoberta e viralizada na internet, prejudicando a imagem da empresa.
Em um mundo onde aplicativos ajudam as pessoas a saberem mais sobre o que estão comendo e consumindo a transparência é a melhor estratégia
A busca por essa autenticidade também está na busca por experiências off-line. O detox digital tem atraído pessoas para destinos onde o sinal de celular é fraco, para que possam ter experiências reais e desgrudem dos smartphones e aproveitem as pessoas e a natureza local. Pacotes de turismo com este apelo estão surgindo e famílias inteiras tem buscado passar bons momentos de maneira autentica e desconectados.
6. Identidade em fluxo
A natureza da identidade por sí só é um fluxo. Vemos que temas como imigração e identidade política geram grandes discussões na internet. Cada um quer manter a sua identidade.
Existem também aquelas pessoas que não se definem como meninos ou meninas, gostam de experimentar e flutuar entre os dois universos. A moda tem acompanhado essa tendência, desenvolvendo roupas que podem ser usadas tanto por meninos quanto meninas. Nesta onda surgiram tutorias de maquiagem feitas por homens, uma das tendências para este ano de 2017. Já pensou em como a sua empresa poderia aproveitar esta tendência de consumo?
Outro tema bastante interessante e que têm influenciado os consumidores é o “Nós antes de mim”.
As aspirações altruístas onde o “nós” vem antes do “eu” tem crescido principalmente entre os mais jovens. É a força do coletivo buscando soluções ou invés do eu solitário que resolve tudo sozinho. Uma das tendências de consumo que algumas empresas de tecnologia descobriram para resolver soluções simples ou complexas através da colaboração de usuários do mundo inteiro.
7. Personalize!
Em 2017 a personalização de itens fará diferença entre o enorme volume de produtos lançados em massa. A transição do “ter” para “experimentar” é o que torna essa tendência de consumo ainda mais desafiadora. A personalização estará presente em diversos segmentos, na educação por exemplo, com ao aprendizado personalizado com universidades adaptando o seu curriculum de acordo com as necessidades de cada aluno.
A participação do consumidor na criação dos produtos é vista como algumas empresas como um grande passo a frente. A Adidas lançou um app que permite os clientes comprarem um tênis com a foto do Instagram.
A personalização é também vista com produtos que se encaixam de acordo com cada usuário, a Nike por exemplo lançou o HyperAdapt 1.0 que amarra os cadarços sozinho e permite que se adapte aos pés de cada pessoa com conforto, graças aos sensores presentes no tênis.
Cada consumidor têm um gosto diferente, as pessoas sentem de maneira diferente um aroma, uma textura, o tempo, as cores, e a comunicação digital pode ajudar as marcas a entenderem melhor estes gostos variados e estas nuances para oferecerem produtos que se aproximam do que o consumidor realmente deseja.
Serviços de assinatura com curadoria feito por você também parece agitar 2017. O cliente preenche um questionário que determina o seu gosto, a empresa então seleciona alguns produtos e envia um pacote exclusivo de itens que atendam aquele gosto específico. A Empresa de chocolates Cocoa Runners, têm investido nestes gostos especiais, e o seu algoritmo continuamente aprende mais sobre o consumidor com base no feedback que recebe e desenvolve “barras de chocolate que as pessoas amam”.
As histórias das marcas podem ser simples mas causam grande impacto. As empresas precisam desenvolver conteúdo e produtos que se adaptam ao novo estilo dos consumidores. Saber ouvir e abrir um caminho de diálogo é essencial para Pequenas e Médias empresas crescerem nesta tendência.
8. Pós Venda
Em 2017 as lojas estarão de olho nas experiências pós-venda, pois isso aumenta (e muito) o valor do produto ou serviço entregue. Esse é um dos pontos importantes na jornada de compra do consumidor, pois aperfeiçoa a visão do consumidor sobre a empresa.
As pessoas querem produtos que durem.
O suporte ao consumidor é importante. As opções de atendimento automatizadas geralmente são fracas. Esperar no telefone, interação com sistemas automatizados e falar com pessoas que leem um script que não ajuda em nada não criam uma experiência encantadora.
Algumas pessoas preferem entrar em contato pelas redes sociais como Facebook, Twitter ou Instagram para obterem uma resposta mais rápida mas a demora das empresas têm gerado frustração.
Nos EUA estão sendo desenvolvidos apps como Fast Customer e LucyPhone que ajudam o consumidor na hora de ligar para o suporte da empresa e avisam o momento em que um atendente entrou na linha para responder. Isso diminui o stress e poupa o valiosíssimo tempo do cliente.
O compartilhamento de experiências de compra, como unboxing e reviews no YouTube e redes sociais mostram quem está no controle: o consumidor. Essa é uma excelente fonte de pesquisa para as empresas pois permite identificar a interação do consumidor com o produto e tudo o que envolve a compra: preço, forma de envio, experiências ao ter contato físico com o produto, ao utilizar. Isso é mágico e pode mudar completamente como o seu produto ou serviço é percebido por outros possíveis clientes, positiva ou negativamente.
As avaliações dos produtos.
Muitos usuários procuram as avaliações e verificam quantas estrelas determinado produto ou serviço receberam de outros usuários. Mas alguns estudos indicam que o número de estrelas e experiências positivas não tem relação direta, já que alguns vendedores entregam produtos grátis em troca de boas qualificações.
O apelo de sustentabilidade, consciência verde e redução de lixo no planeta têm gerado uma nova classe de consumo: a compra de itens usados – brechós. Alguns países têm forçado as empresas a especificarem o tempo de vida útil dos produtos vendidos. Na França, por exemplo, os fabricantes têm que informar em quanto tempo as peças de reposição de um produto estarão disponíveis ou terão uma multa.
9. Privacidade e segurança
A sensação de insegurança permeia grande parte da população. São tantos dados, tanta informação, tanta facilidade que acaba assustando os consumidores.
Bens e serviços, desde casas inteligentes (smart homes) até seguros, frutas orgânicas a agências de viagem e investimento vão ajudar o consumidor a se sentirem mais seguros, que podem ser pilotos ao invés de passageiros. Os aparelhos mobile têm grande papel na segurança das pessoas. Como temos visto em relação os alertas quando acidentes ocorrem, atentados ou surtos acontecem, as redes sociais permitem marcar pessoas seguras em determinado local.
Serviços como o Natural Cycles coletam informações da usuária através de um termômetro, registram os ciclos férteis e têm sido utilizado para evitar ou planejar a gravides de mulheres no Brasil, EUA, Inglaterra e Suécia.
Sistemas de segurança como Cocoon monitoram a casa ao ouvirem sons suspeitos quando os ocupantes estão fora, alertam os seus smartphones com um vídeo clip se detectar qualquer coisa suspeita.
Os pais tem monitorado o comportamento digital dos filhos e de pessoas que amam. Softwares e operadoras tem oferecido serviços específicos para esse controle parental.
A obesidade digital poderá ser a próxima pandemia. Pois se ficarmos fissurados por controlar e automatizar tudo em nossas vidas. Tanta conectividade, porém, nos faz pensar se realmente estamos no controle.
10. Estar bem é um símbolo de status
O desejo de ser fitness e parecer bem é universal. Saúde está se tornando um símbolo de status, mais consumidores estão optando por mostrar sua paixão por bem estar pagando por boutique fitness, roupas “athleisure” (atletas + lazer em inglês), alimentos com propriedades naturais e temporadas saudáveis.
Dispositivos wearable agora mostram desde batimentos cardíacos até a qualidade mental dos indivíduos
Com essa febre nas contas do Instagram, surge uma nova preocupação discutida nos blogs: hypergymnasia ou sport anorexia, aquela sensação de peso por não fazer exercícios físicos ou estar em uma academia.
As buscas por qualidade de vida têm impulsionado outros setores como o musical. A revista Wired recentemente publicou que uma das listas que mais crescem no Spotify é destinado aos “insomniacs”, com aproximadamente 3 milhões de pessoas que a definiram como preferida na plataforma.
Empresas de viagem estão dedicando esforços para atrair este tipo de consumidor que procura experiências saudáveis de bem-estar. Chamadas de turismo médico (medical tourism), estes passeios incluem ações saudáveis, incluindo terapias curativas e perda de peso. Isso é ir além das tendências de consumo saudáveis, é levar experiência saudável para famílias.
Atividades para o corpo e mente.
A alimentação saudável não poderia ficar de fora. A enxurrada de posts de pratos naturais que permeiam as redes sociais mostra como as pessoas querem ser percebidas, sobre os seus objetivos em manter-se bem.
Estas tendências de consumo mostram como o comportamento do consumidor está evoluindo. As novas tecnologias e novos hábitos têm direcionado para níveis de personalização e de experimentação que não existiam a alguns anos atrás.
A Conectivo busca alinhar o conhecimento do comportamento do consumidor para elaborar estratégias de marketing direcionadas e que gerem resultado.
Vamos tomar um café? Traga os seus problemas de comunicação pra gente.